DYSTOPIAN

Mano Le Tough

O que é a House? Para muitos será apenas um imaginário hedonista onde multiculturas dançam e se tocam numa espécie de sexualidade latente, com música fútil a acompanhar. Para outros é a versão em dança da soul espiritual, e como tal, evocativa de várias imagens positivistas, sacadas a ferros de minorias oprimidas.
Mas a House é mais do que isto tudo, é um estilo central, como uma praça, onde vários caminhos musicais vertem e se misturam. Mano Le Tough não nasceu ensinado, mas quase, tal a mestria que imprime nas suas prestações como dj, ou nas suas produções.
Deixou as verdejantes terras irlandesas e estabeleceu-se em Berlim em 2009.
Warhorn, a sua primeira edição, na Internasjonal de Prins Thomas, que também editou Nick Chacona ou The Mole, reivindicava já o seu lugar na disco de fusão moderna, enquanto o seu bom gosto se ia instaurando na capital alemã, através das festas Passion Beat (que organiza a meias com os seus colegas na Maeve Records, por si fundada) ou em consequentes convites para edições em prestigiadas editoras como a Buzzin´ Fly, Mirau, Dirt Crew ou Permanent Vacation, esta última a editar o trabalho que o solidificou definitivamente, o álbum Changing Days. Mais de três dezenas de remixes no currículo para gente como Aloe Blacc, Tensnake, Roisin Murphy, entre outros, certificaram que a sua qualidade não se desvanecesse num mundo muitas vezes disperso de referências onde o ouro é cada vez mais difícil de encontrar.
Explicar Mano Le Tough por palavras pode ser um pouco injusto, pois estamos perante um homem do presente e futuro, que conhece o jogo como ninguém e onde a House Music deposita extrema confiança.Aguardamos ansiosamente por esta prestação em formato DJ.

Recondite

A carreira de Lorenz Brunner aka Recondite, tem sido assente nas suas bases sólidas como explorador sonoro e também na inspiração que lhe traz o ambiente onde cresceu, na Bavária.
Como muitos outros, resolveu fundar o seu próprio selo, a Plangent Records, para servir de output à sua expressão, mas Recondite, ironicamente estava destinado a ter uma presença pouco recôndita no panorama.
Três albuns certeiros na Absurd Recordings ou em luminárias como a Ghostly International e Innervisions, assim como eps nas consagradas Hotflush e Dystopian constituem um currículo invejável, assim como lugar garantido entre a nova geração de produtores que voltaram a dar ao techno uma cadência respirável e sensitiva.
A sua abordagem em várias frentes, quer no house, techno ou ambient, já lhe valeram bastante ambiguidade quanto à catalogação do seu som, originando tags divertidas como John Carpenter House ou Meditative Techno, dada a ambiência escura, mas ao mesmo tempo maleável e melódica das suas produções. No entanto característica o suficiente para lhe valer actuações em todo o mundo ao lado dos maiores nomes da actualidade, como por exemplo a residência nas Enter de Richie Hawtin,festivais como o Timewarp, lugares cimeiros nos charts mundiais ou ainda ser sido considerado o melhor live act de 2014. É a terceira vez que nos visita, para nos presentear com “Iffy”, o seu disco na Innervisions, no ano em que também acaba de assinar o próximo ep “Think Twice” para a italiana Life and Death, com saída prevista para Abril. Será concerteza um dos nomes inesquecíveis deste aniversário.

Rui Trintaeum

Rui Trintaeum faz as honras da casa e que melhor cereja em cima do bolo para este aniversário?
Um dos poucos que tem levado a vida musical apenas como (grande) dj, sem precisar de produções para alicerçar a sua carreira, bastando-lhe a sua invejável paleta, com propostas desde a Disco mais delicada ou festiva até ao Techno de raíz , sempre com uma classe inconfundível. Conhecedor da scene em Portugal, desde o início, Rui testemunhou na primeira pessoa a sua evolução por cá e fez história no Porto com o 31, casa que todos recordamos com carinho.
Passe o cliché fácil, mas Rui é mesmo como o vinho do Porto, quanto mais anos passam, melhor está.

Textos: Gabi Von Dub